domingo, 5 de maio de 2013

Se é verdadeiro o que digo, por que me persegues, dona Dilma?

Editorial de sábado 04.05.2013 na Rádio Rural

Mais uma vez os povos indígenas da Amazônia dão alerta ao governo brasileiro, sobre seus direitos constitucionais. Mais uma vez ocupam canteiro central de obras da perversa hidroelétrica de Belo Monte, no rio Xingu. Não mais apenas os povos do rio Xingu, mas seus parentes do Mato Grosso e Tapajós. Mais de 180  representantes de 10 povos tradicionais da Amazônia estão lá em Belo Monte, desde quinta feira. 

O líder Munduruku, Cândido Waro, explicou a razão principal da ação organizada dos parentes unidos. Disse ele: “O que nós queremos é simples: vocês precisam regulamentar a lei que regula a consulta prévia aos povos indígenas. Enquanto isso, vocês precisam parar todas as obras e estudos”. Já o representante do governo federal em Altamira, nada mais do que o ex auto dito revolucionário popular da década de 80, no Sindicato de trabalhadores e trabalhadoras rurais de Santarém, Avelino Ganzer, tentou retirar lideranças do movimento de ocupação do canteiro para a cidade de Altamira, alegando um diálogo de bom senso.

Ao ser repudiado pelos indígenas que só aceitam conversar com gente que pode decidir sério,  Avelino Ganzer os acusou de radicais e intransigentes. Que contraste, como diz o ditado –“ quem te viu e quem te vê, cara pálida...”, ontem agitador popular sindical, hoje, bate pau do opressor dos povos da Amazônia. Mas os representantes dos povos indígenas responderam ao governo de forma clara e consciente: “  você apontam armas para nossas cabeças. Vocês sitiam nossos territórios com soldados e caminhões de guerra, vocês fazem os peixes desaparecer e então nos acusam de radicais. Afinal, quem são os criminosos nessa história?

Quem são os radicais nos projetos hidroelétricos na Amazônia? Para o governo brasileiro,  seus acólitos e seus aliados, que invadem florestas e saqueiam as riquezas da Amazônia, índio bom é índio manso e conformado com bolsa família, que aceita invasão de seu território a troco de alguns presentes aos caciques. Índio brabo para governo, é aquele que resiste à invasão de suas aldeias por gerentes do governo, com helicópteros e força nacional, como foi feito poucas semanas atrás no Tapajós. Quando também a Polícia federal assassina um índio, dizem que foi em legítima defesa, como ocorreu há pouco em Teles Pires. Até hoje nem o governo, nem a justiça federal puniu os criminosos.

As autoridades não tem mais como esconder as imposições sem diálogo sério, dos projetos hidroelétricos que destroem rio e povos da Amazônia.  Quando os movimentos sociais assumem a defesa dos ameaçados, vem a justiça e criminaliza os aliados dos povos tradicionais. Isso acaba de acontecer novamente em Altamira. Por isso, se insiste na pergunta – se falo é verdadeiro o que falo, por que me persegues, presidente?

Por: Pe. Edilberto Sena.

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